segunda-feira, 22 de setembro de 2025

19.09.2025 - Nabil Bonduki e Kongjian Yu no Parque Linear Tiquatira



Nesta semana, estive com o arquiteto e professor da Universidade de Pequim Kongjian Yu, chinês criador do conceito cidade-esponja: um modelo de urbanismo que aproveita a própria natureza para reter, limpar e reutilizar a água da chuva para as necessidades da cidade.


Conversamos sobre a importância desse conceito em São Paulo, onde uma proposta semelhante já foi incluida no Plano Diretor desde 2002, com os parques lineares ao longo dos córregos e rios, mas que infelizmente encontra grandes dificuldades para ser implementada.

Nessa perspectva, visitamos o Tiquatira, um parque linear que está compativel com o conceito de cidade-esponja. Ali, se formou uma pequena floresta urbana, graças a Hélio da Silva, que em 21 anos plantou mais de 41 mil árvores de 170 espécies diferentes.

O professor ficou encantado e viu muito potencial. Lembrou que não se trata apenas de reciclar a água, mas também de usá-la para nutrir a vegetação e, a partir dela, enriquecer o solo e fertilizar árvores frutíferas.

Em contraponto, visitamos também áreas de assentamentos precários, como a do Keralux, na Zona Leste, onde a ocupação às margens do rio evidencia a dificuldade de compatibilizar a proteção dos cursos d'água com as necessidades habitacionais.

Kongjian está em São Paulo para participar da Bienal de Arquitetura. Aproveitou a visita para gravar um documentário sobre o que já foi feito — e o que ainda pode ser feito — no Brasil para enfrentar os alagamentos e melhorar o manejo da água.

Seu conceito de cidade-esponja é uma resposta eficaz às mudanças climáticas e um caminho para preservar o meio ambiente. Na opinião dele, temos política, tecnologia, técnica, orçamento e até as questões sociais necessárias para implantar o modelo. Ele não é daqui, mas tem total razão.

O problema é que nossa Prefeitura prefere investir em um túnel que não resolverá o trânsito, mas resultará na derrubada de centenas de árvores. Lamentável.

Em um momento em que as mudanças climáticas já impactam diretamente a vida nas cidades, pensar no futuro de São Paulo é também pensar no futuro da nossa água. Suas ideias são inspiradoras e com certeza vamos lutar para que sejam implantadas.

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