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31/07/2018
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Contudo, o alcance é enorme.
Sozinho, aposentado planta 25 mil árvores e recupera área
degradada em São Paulo
Hélio da Silva reflorestou as margens do Córrego Tiquatira,
na Zona Leste de São Paulo, em apenas quatro anos. Área de 320 mil m² foi
transformada no primeiro parque linear da capital paulista
Luiz Fernando Cardoso Especial para Gazeta do Povo
[31/07/2018]
[10h04]
Hélio da Silva planta mais uma árvore: “Tenho três
filhos, três netos e 25 mil filhos ecológicos” Arquivo Pessoal
“Quem disse que uma andorinha só não faz verão?” O comentário de um
popular na internet sobre o Parque Linear Tiquatira resume bem a história por
trás do verde de uma das principais áreas de lazer e recreação da Zona Leste de
São Paulo. Às margens do córrego que dá nome ao bosque, as mais de 25 mil
árvores presentes surgiram, em sua maior parte, da perseverança de um único
cidadão.
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Hélio da Silva, 67 anos, administrador de empresas
aposentado, mais conhecido pela merecida alcunha de “Plantador de Árvores”,
plantou a primeira muda no local em 23 de novembro de 2013. Quatro anos e 5 mil
árvores depois, a recuperação de uma área antes degradada motivou a Prefeitura
de São Paulo a transformar o bosque no primeiro parque linear (no decurso de um
rio) da capital paulista.
“Antes, havia lá umas 15 árvores de replantio apenas”,
recorda Silva. “Era uma área degradada, suja, cheia de entulhos, altamente
frequentada por traficantes e usuários de drogas”, diz o empresário, natural de
Promissão (SP) e desde os 8 anos morador de São Paulo.
Nossas convicções: Ética e a
vocação para a excelência
A instituição do parque levou Silva a acelerar ainda mais o
ritmo. Quanto mais gente e pássaros eram atraídos para a ilha verde em meio ao
concreto, mais buracos Silva cavava para novas mudas. “As árvores são
generosas, oferecem ar puro, ajudam a preservar as nascentes, dão frutos,
atraem pássaros, embelezam com flores e contribuem para reduzir a temperatura
em seu entorno e retêm 40% das chuvas torrenciais, evitando erosões”, diz,
justificando seu fascínio pelas plantas.
Hoje, o parque de 320 mil metros quadrados está densamente
arborizado. Somente Silva plantou 25.047 árvores no local, com sobrevida de 88%
(nos cálculos dele). São mais de 150 espécies da Mata Atlântica, o que inclui o
ameaçado pau-brasil e também a araucária, símbolo do Paraná. Entre as árvores
mais recorrentes estão jequitibás, aroeiras, ipês (floridos nesta época do ano)
e embaúbas.
Frutas e pássaros
Quem aproveita a pista de caminhada para se exercitar não
tarda a ouvir o cantar dos pássaros, que só deram as caras após o surgimento
dos primeiros frutos. De acordo com Silva, a cada 12 árvores plantadas por ele,
uma é frutífera. Araçás, amoras, frutas do conde, pêssegos do mato,
jabuticabas, figueiras oferecem um verdadeiro banquete para sabiás, sanhaços,
periquitos, maracanãs, maritacas, tico-ticos, saíras, entre outras 20 espécies
de pássaros avistados, segundo a Secretaria Municipal do Verde e do Meio
Ambiente.
Nossas convicções: A finalidade
da sociedade e o bem comum
“No feriado, estava mostrando para minha mãe o quanto o
Tiquatira melhorou com as árvores”, comentou Robson Xavier de Carvalho, vizinho
do bosque, em postagem na página “Plantador de Árvores” numa rede social. “O
senhor é gente que faz a diferença. Somos gratos ao senhor por ter deixado
nossa região tão arborizada assim”, escreveu Laelson Sousa na mesma página,
utilizada por Silva para divulgar o “balancete” das árvores plantadas no
Tiquatira e em outros cantos da capital.
Pouca ajuda e vandalismo
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São incontáveis as mensagens de parabéns pela boa ação,
porém, são poucas as pessoas que se dispõem a ir além, pondo a mão na massa.
Mensagens como “se precisar de ajuda, me avise”, Silva sabe bem, não ajudam a
transformar o cinza em verde. “Atualmente, conto com duas pessoas, o Carlos e o
Waldemar, que me ajudam há dois anos. Nesses quase 15 anos, algumas pessoas me
apoiaram, mas foram ficando pelo caminho. Em São Paulo, o vizinho é um anônimo,
e a maioria das pessoas quer saber apenas de seus problemas particulares”,
lamenta Silva.
Apesar falta de apoio, Silva se diz feliz pelas conquistas —
cada novo pássaro avistado, por exemplo, é uma conquista —, especialmente
quando relembra os árduos primeiros passos de sua jornada. Por muitos anos,
Silva via o dinheiro tirado do próprio bolso para a aquisição de adubo e mudas
ir para o ralo com a devastação das árvores pelos vândalos. Segundo ele, todas
as suas primeiras 200 árvores foram totalmente destruídas.
Nossas convicções: O princípio
da subsidiariedade: menos Estado e mais cidadão
O vandalismo se repetia, mais árvores eram destruídas e o
poder público — de quem Silva diz nunca ter esperado muito — poucas
providências tomava. “Além de não poder estar em todos os lugares ao mesmo
tempo, o poder público é lerdo, moroso, burocrático e, muitas vezes, sem
vontade nenhuma de ser fraterno, cidadão, generoso”, diz.
Meta: 50 mil árvores
Graças à perseverança do plantador de árvores, a sensação
quando se está no Parque Linear Tiquatira é de que os males da poluição de uma
cidade com frota de quase 8,7 milhões de veículos (levantamento do Detran/SP)
dão uma trégua. “Um parque é a maior unidade básica de saúde, é o melhor
hospital. Aqui está a cura para uma doença que afeta mais da metade de
humanidade, a depressão”, comenta o Plantador de Árvores.
Nossas convicções: Os responsáveis
pelo bem comum
A boa notícia para a saúde do paulistano é que a jornada de
Hélio da Silva parece estar longe do fim. “Vou dedicar todo o tempo restante da
minha vida a isso. Quero chegar, no mínimo, a 50 mil árvores como legado para
as futuras gerações”, diz o empresário, pai de três filhos e avô de três netos.
Todos os sábados e domingos de manhã, Silva é visto contemplando o Tiquatira,
normalmente acompanhado de suas ferramentas e de mais algumas mudas em mãos. Os
pulmões da vizinhança agradecem.
ENTREVISTA — Hélio da Silva
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Hélio da Silva já plantou 25 mil
árvores, mas quer chegar a 50 milArquivo pessoal
“Tenho mais de 25 mil filhos ecológicos”
Gazeta do Povo – O senhor já se dá por satisfeito ou
pretende prosseguir plantando árvores?
Hélio da Silva – Meu propósito é plantar 50 mil árvores na
zona leste de São Paulo, cuja população ultrapassa 6,2 milhões de habitantes.
Só no parque linear cabem, seguramente, mais 8 mil. Por isso, quero fazer um
grande maciço de árvores com grande densidade. Isso para evitar ocupação irregular.
Como o senhor ganhou o apelido de “Plantador de Árvores”?
Um dia me perguntaram: Quem é o senhor? Respondi que era um
plantador de árvores, e isso pegou. Planto árvores onde eu estiver, no Parque
Tiquatira [capital paulista], no Sul de Minas Gerais, em espaços que necessitem
de áreas verdes.
Sua história de vida como plantador de árvores já
frutificou? Mais gente seguiu seu exemplo?
Várias pessoas têm essa iniciativa [de plantar árvores em
áreas públicas], e talvez tenham se inspirado na minha história; mas isso é
presunção, deixa pra lá. Farei a minha parte muito bem feita. Gosto de dividir
“minhas” árvores com todos. Tenho mais de 25 mil filhos ecológicos e três
biológicos e mais três netos, que lá na frente vão cuidar disso.
Boa tarde Sr.Helio
ResponderExcluirEm primeiro lugar parabéns pela iniciativa do sr,sou sua fã!!
Moro proximo ao Tiquatira e plantei três pés de abacate em vaso,tem dois anos(já estão grandinhos ahahah)
Gostaria de saber se o Sr pode replanta los no parque??
Aguardo contato do Sr por e-mail.
Obrigada
Geni das Graças
Sr Hélio que ORGULHO de tê-lo conhecido pessoalmente. Parabéns!
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